Música

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Conto - Não Durma!

Conto: Não Durma!
Autor(a:): Desconhecido.
 Você também pode mandar seu conto para o e-mail: sr.fofo@hotmail.com

Não Durma!


Samira sempre teve pesadelos. Sempre. Moradora de Israel, ela achava que as guerras frequentes em seu país fossem a razão deles. Porém, aos 14 anos, ela se mudou para Londres. E foi então que os pesadelos começaram a ficar piores. Toda noite, assim que fechava os olhos, uma criatura lhe aparecia em sua cabeça. Era de forma humana, mas completamente careca, não tinha olhos e sua boca estava costurada em um pavoroso sorriso. Era o seu guia; um dos muitos daquele lugar. E por incrível que pareça, era quem lhe fazia se sentir segura quando caminhava pela terra assustadora dos pesadelos.

A terra era cheia de gritos, horrores e ranger de dentes. Demônios sorriam enquanto espancavam pessoas. Havia cidades, como as nossas, destruídas, onde havia gente ferida correndo e implorando por suas vidas. E pior de tudo, havia o palhaço que dançava e parecia ser o único a se divertir de verdade naquela terra. Era um palhaço incomum, é verdade. Tinha pernas de bode e a cara pintada como os palhaços.

- Eles vêm pra cá, por que merecem estar aqui – dizia ele à Samira – Mas você não merece estar aqui. Não quer vir pra cá, então não durma!

Samira sempre acordava em prantos. Frequentou os melhores psicólogos, participou das melhores terapias, mas nada a impedia de ver seu guia e o palhaço quando dormia. Aquilo a apavorava e causou seus problemas de relacionamento. Era uma pessoa tristonha, que quase não se comunicava e estava sempre na companhia de remédios que a mantivesse acordada. Não valiam muito. Certa noite dormiu e voltou a seguir seu guia.

- Por que sempre está rindo, se não é feliz? – perguntou ela.

O guia virou sua cara sem olhos para ela, mas nada falou. Era impossível para ele falar. Voltaram a andar no meio do caos, mas, poucos minutos depois, o guia desapareceu.

- Cadê você?

Novamente, não houve resposta. Ela começou a andar, chorando, pois tinha medo. Muito medo. Queria acordar, dizia a si mesma que era apenas um sonho, mas não conseguia acordar.

Ouviu passos. Toc, toc, toc, no asfalto da rua por onde andava. Cascos. Logo o palhaço com pernas de bode apareceu. E ria.

- Boa notícia – disse ele – Você merece vir pra cá. Vou te levar pra um passeio comigo pela minha terra 

Mas Samira correu. Seus cabelos negros e lisos voavam na noite enquanto o toc toc dos cascos a seguia. E ele assobiava, e ria, e chamava seu nome. Até que, cansada, ela caiu. O palhaço então se aproximou, gargalhando.


- Deixe-me ver esses braços.



Com suas unhas, ele cortou os dois pulsos da menina.



- Pra você vir mais rápido, amorzinho. Você tem uma missão, merece vir pra cá.



Ao ver aquele sangue escorrendo, ela gritou. E fazendo isso, acordou. Respirou aliviada. Mas então viu o lençol cheio de sangue. Seus pulsos estavam cortados. Desesperada, chamou os pais. Samira foi levada a um hospital, onde deram pontos em seus pulsos. Os ferimentos foram interpretados como tentativa de suicídio. A assistência social e a polícia interrogaram seus pais, vasculharam a casa, pois ninguém acreditava que um palhaço com pernas de bode a ferira em um pesadelo.



Samira estava decidida a não mais dormir. Não queria mais voltar àquela terra onde as pessoas sofriam, onde via vultos, espíritos que riam e demônios que se divertiam. Tudo eram sorrisos naquele mundo. E os sorrisos só vinham de quem praticava o mal, pois era divertido causar dor. Por isso ela nunca mais riu.



Samira estava mudada. Cansada, mais magra, adepta de remédios com apenas dezoito anos. Não tinha fôlego pra universidade, apesar de muito inteligente. Certo dia viu o palhaço em sua cozinha. Estava sonhando acordada.



- Vou esfaquear seus pais – ele disse, passeando em volta do fogão – e vai ser divertido. Você tem problemas, vão colocar a culpa em você. Vai ser divertido, não vai?



Samira chorou. Subiu para o banheiro, abriu o armário de remédios e engoliu três potes de pílula. Fechou os olhos na banheira e nunca mais acordou. Seus pais pensaram que a filha depressiva finalmente fora bem sucedida em sua tentativa de suicídio e se culparam. Mas concordaram que ela finalmente estava em paz. Ledo engano.



Estou no mundo dos pesadelos agora, com medo. Trancado em um quarto, com alguma criatura estranha arranhando a porta na tentativa de entrar. Tenho medo. O palhaço diz que mereço estar aqui, pois vim para escrever o que vejo da minha janela. E da minha janela vejo espíritos que brincam. Vejo mortos que andam; alguns até conhecidos meus. E vejo Samira. Ela veio me contar sua história há alguns dias agora que vaga pela terra dos pesadelos. Era bonita da primeira vez que a vi, mas depois me apareceu careca e nua pedindo que eu a ajudasse. Não podia fazer nada; expliquei que eu aparecia ali apenas quando dormia e não conseguia sair do quarto. Alguns dias depois eu a vi sem seus olhos.



- Eu quero ver – ela gritava em pânico – preciso da luz, da luz... 


Logo depois ela me apareceu novamente com a boca costurada num insano sorriso eterno. Nunca mais falou. Mas isso faz muito tempo. Hoje ela anda por aí, de qualquer jeito, acompanhando crianças que por alguma razão vão parar nessa terra e confiam nela como um guia. As crianças não sabem, mas confiam nela por que ela já esteve em seus lugares um dia. Mas duvido que hoje Samira se lembre de quem foi. Pra mim ela já esqueceu e se acostumou a ser mais uma criatura dessa terra terrível.



Eu quero ir embora. Não mereço estar aqui descrevendo toda essa dor. Só posso dar um conselho... Não durma!



Toc... Toc... Toc... Por que ele sempre tem que aparecer quando fecho os olhos?




--Roberta H.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Conto - Enganando o Diabo

Conto: Enganando o Diabo.
Autor(a:): Desconhecido.
 Você também pode mandar seu conto para o e-mail: sr.fofo@hotmail.com

Enganando o Diabo


O homem senta em sua cadeira, acende um cigarro e olha a sua volta. O quarto estava imundo, as paredes que um dia foram brancas agora estavam de uma cor entre o bege e marrom, estavam também descascadas. O piso não podia ser visto, pois uma camada gosmenta de lama e sangue o cobria completamente. Os móveis eram poucos, uma cama, onde se encontrava o corpo de uma jovem em um estado que faria o estomago de qualquer pessoa normal virar ao avesso, um criado mudo de metal onde encontravam-se alguns instrumentos cirúrgicos e vidros marrons cujo o conteúdo não se pode dizer o que é. Um pequeno frigobar que ao abrir-se se mostrava cheio de órgãos humanos, possivelmente retirados da jovem morta na cama ou de alguma de suas outras vitimas. Um fogão velho que um dia foi azul, mas agora mostra somente a ferrugem adquirida com o tempo. Tinha uma panela preta e suja em cima que mais cedo serviu para cozinhar um daqueles órgãos e mais tarde outro. E por último uma pequena mesa onde o único adorno era o cinzeiro dourado, velho e amassado. Em uma das extremidades da mesa ficava uma cadeira onde o psicopata estava sentando dando tragos longos em seu cigarro. De trás da mesa uma janela de vidro tão sujo que não se podia ver o que havia lá fora.

Ele esta cansado daquela sujeira, cansado do cheiro, não que o cheiro de carne humana, sangue e cigarro o dessem náusea, não, ele esta cansado da pobreza, da miséria em que ele vivia desde que nascera. Mas ele sabia que um dia isso iria mudar, pois havia feito um pacto com o diabo e a hora de seu pagamento estava por vir. Ele já tem tudo tramado em sua cabeça louca, iria enganar o diabo de maneira que ele jamais conseguiria sua alma.

“Onde esta você maldito?” – rosnou.

Quando mal tinha acabado de pronunciar as palavras uma mão lhe toca o ombro. Estranhamente ele não se assusta e o homem que havia tocado seu ombro caminha lentamente para sua frente. Os passos deste homem soam como terremotos e sua mão é tão quente quanto o fogo. Já frente a frente, o psicopata o inspeciona. Sempre que os dois se encontravam ele se espantava com a elegância impecável do homem, se é que se pode chamar o diabo assim. De terno preto, camisa vermelha e gravata preta. O cabelo bem penteado e com gel, dentes brilhantes e sorriso carismático, acredite ou não. Ele parecia um desses vendedores que batem na nossa porta vendendo aspiradores, desses vendedores tão bons que conseguiria vender água benta a um padre, só que nesse caso ele não vendia e sim comprava. Comprava algo de temos de mais valioso, a alma. 

“Já estava na hora. Achei que você não iria aparecer nunca.” – diz o psicopata.

“Você tinha que provar seu valor antes de receber sua recompensa, o que você fez muito bem. Espalhou o terror, torturou, matou, violou, destruiu famílias, corrompeu dezenas de homens e mulheres, sem contar com seu gosto peculiar por carne de jovens adolescentes.” – respondeu o diabo olhando para cama. “A hora de seu pagamento chegou, escolha o que quiser e quando a hora chegar, sua alma será minha.”

“Eu quero ser rico, muito rico e quero viver para sempre.” – diz o psicopata encarando o diabo para ver sua reação.

“Então seu plano é esse, viver para sempre. E a minha alma?” – pergunta o diabo sem mudar o tom de voz ou sem apagar o sorriso do rosto.

“Você me disse que era qualquer coisa, essa é a minha escolha. Passei toda minha vida fazendo o que você mandou agora cumpra sua parte do trato.” – diz ele esmurrando a mesa.

O diabo coloca a mão na mesa e arrasta um papel com o dedo indicador até o psicopata. Este por sua vez olha com olhos brilhantes o papel. Era um bilhete de loteria, que naquela semana teria um prêmio gigantesco. Ele pega o bilhete e o coloca contra a pouca luz vinda da janela e o examina. Na frente uma sequencia de seis números e atrás seu nome e sua assinatura. 

“Obrigado.” – diz o psicopata com a voz tremula, mostrando-se emocionado. “E a imortalidade?”

“Feito também. Agora você é rico e imortal.” – responde o diabo que agora não tinha mais aquele sorriso carismático, mas um sorriso sínico e perverso. 

“Acho que agora é adeus então.” – diz o psicopata sorrindo.

“Adeus não, aodiabo.” – responde o diabo dando uma gargalhada ensurdecedora e desaparecendo.

Anos se passaram, o psicopata esta vivendo a vida que sempre quis. Mansões, carros, viagens, mulheres vivas ou mortas. Tudo o que sempre sonhara agora era sua realidade. Como ele se considerava um homem de palavra continuava fazendo o que havia tratado com o diabo, porém agora espalhava o terror em escala maior. Um homem com dinheiro e influencia poderia não somente matar indivíduos para satisfazer seu paladar, mas também prejudicar a sociedade em geral. Ele era um homem mau, lúcifer não o havia corrompido, ele já nasceu com a alma podre e má. Agora com poder nas mãos a diversão era muito maior.

Acompanhado de quatro moças lindas e de caráter duvidoso, ele entra em seu helicóptero rumo a sua casa de luxo ao topo de uma montanha onde passaria alguns dias se divertindo. Quando estivesse cansado, faria sua refeição principal e deixaria a casa sozinha. 

Algumas horas mais tarde, o grupo estava dentro do jacuzzi rodeado de um jardim maravilhoso, já bêbados e drogados e esquecidos do mundo lá fora. Algo chama a atenção deles. Um barulho alto, vindo de baixo da terra, um barulho que aumenta rapidamente. A terra começa a tremer e quando eles tentam sair da banheira seus corpos são arremessados longe um do outro. O psicopata se vê fora dos arredores da casa para baixo da montanha e quando ele olha para cima, vê uma rocha enorme caindo em sua direção. Sem tempo de reagir a rocha o acerta sua perna na altura do joelho separando a parte inferior do membro do resto do corpo. Sua boca abre na tentativa de gritar, mas o barulho é abafado por toneladas de terra que lhe calam. Na tentativa de respirar ele engole parte da terra. Seus pulmões ardem de agonia na falta de oxigênio, cada músculo de seu corpo dói como se estivessem sendo rasgados, seus olhos parecem querer saltar das órbitas. Sufoco, dor, claustrofobia são apenas algumas palavras para descrever a sensação de desconforto dele. Aquilo era sofrimento simples e puro e ele sabia que tinha sido arquitetado pelo diabo. Mas e seu acordo? 

“Vou morrer, o desgraçado não cumpriu sua promessa.” – pensou com ódio.

Sua agonia não terminava e a este momento ele já estava implorando para morrer. Ele mal termina de pensar e a imagem de lúcifer lhe vem a cabeça. Eles se olham e o diabo sorri aquele sorriso sínico e perverso que vestia da última vez que se viram. 

“Eu cumpri minha promessa, sim.” – responde lúcifer. “Quem disse que você vai morrer? Você vai passar a eternidade aqui, enterrado vivo, sentindo dor, fome e claro a falta de ar. Quando você faz um pacto com o diabo, você vai pro inferno, de um jeito ou de outro.” – e desapareceu.



--Roberta H.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Conto - A Noiva

Conto: A Noiva.
Autor(a:): Desconhecido.
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A Noiva

“Quer casar comigo?”, foi com essas palavras que Carlos, dentro de um restaurante chique em um bairro nobre do Rio de Janeiro pediu a mão de Danielle em casamento, ela apaixonada prontamente aceitou com um largo sorriso no rosto. Ela amava Carlos desde sempre, o casamento seria na maior e mais cara igreja do Rio, uma grande festa com todos os familiares e amigos. Danielle comprou um dos mais belos vestidos de noiva que estava disponível, não economizou nem um centavo no seu vestido branco, o véu e a grinalda eram de dar inveja as mais ricas princesas e digna dos mais lindos castelos, tudo seria perfeito e mágico, nem um furacão podia varrer toda aquela felicidade que todos estavam sentindo.


Finalmente o grande dia chegou. A igreja estava toda enfeitada, diversas flores e arranjos decoravam o local, um grande tapete vermelho que começava na porta da igreja e terminava no altar. A cerimônia iria acontecer no final da tarde. Danielle já pela manhã estava toda arrumada, sua ansiedade e nervosismo estavam altos, parte dela sabia que tudo tinha sido feito com extremo carinho e que nada daria errado, mas outra parte ainda estava com aquele friozinho na barriga imaginando que pudesse acontecer alguma coisa fora do esperado.


A limusine já estava na porta. A hora havia chegado, ela desce as escadas com suas irmãs. O vestido de noiva era belíssimo, branco como a neve, a felicidade estava esbanjando no rosto de Danielle, a igreja era perto de sua casa e então daqui alguns minutos ela seria esposa. Ela entra no carro, mas antes uma das suas irmãs estranha a rua estar muito deserta, elas entram no carro e partem.


Danielle e suas irmãs chegam na igreja, a porta se abre e a marcha nupcial começa a tocar, elas entram e a porta se fecha pra cerimônia. Um tio a leva até o altar, seu caminho até a felicidade havia começado. Amigos, familiares, todos sorrindo, felizes por ela e Danielle não continha a sua alegria, seu sorriso era enorme e seus passos eram majestosos até chegar a seu futuro marido no altar de frente para o padre.


Tudo estava indo conforme o planejado, agora faltava pouco para o “sim” final, o “sim” que iria mudar a sua vida pra sempre. O discurso do padre já estava chegando ao fim e a pergunta definitiva se aproximava quando ouve-se uma batida na porta da igreja, o padre para o discurso na hora, pois a batida ecoou na igreja, todos se viraram pra porta. Outra vez se ouvem batidas na porta, mas dessa vez pareciam com mais urgência, um fotógrafo que estava perto da porta a abre. Um homem coberto de sangue estava atirado no chão, mas ainda estava vivo, o fotografo tira algumas fotos enquanto o tio de Danielle que veio apressado saber o que estava acontecendo puxa o homem pra dentro da igreja sem antes notar a rua completamente deserta. Fecha a porta e nota uma grande mordida no seu braço direito onde um grande pedaço de carne havia sido arrancado, seus olhos estavam arregalados e fixos como se estivesse aterrorizado.


A cerimônia havia sido interrompida por causa dos acontecimentos, Danielle estava nervosa e observava tudo de longe em cima do altar com seu quase marido que resolve ver o que tinha acontecido mais de perto. O homem misterioso começa a se contorcer como se estivesse tendo uma convulsão, começa a babar uma espuma amarela e grossa, as pessoas que estavam por perto ficaram assustadas, as que estavam longe ficam tentando entender o que estava acontecendo. Danielle estava ainda mais nervosa depois que Carlos, seu noivo, a deixou sozinha no altar com o padre. 


Depois de algum tempo se contorcendo e babando, Carlos consegue imobiliza-lo. O homem apaga, aparentemente ele havia morrido, pois parou de respirar. Carlos solta o homem, mas assim que vira o rosto pra falar com alguém sobre o ocorrido o homem acorda e morde a sua mão arrancando seu dedo mindinho, todos se afastam enquanto Carlos grita de dor, o homem levanta do chão todo torto, seus olhos estavam vermelhos, fitava as pessoas mastigando o dedo arrancado de Carlos, sua pele estava com uma estranha tonalidade esverdeada. No seu ferimento no braço direito saia um liquido preto nojento. Como num estalo de raiva o homem começa a correr atrás das pessoas na igreja, tentando agarra-las e morde-las, Carlos e os outros tentam segurar o homem que estava incontrolável. Carlos faz força excessiva e quebra o braço do homem, o fazendo ter uma fratura exposta, mas para o espanto de todos, o homem continuou como se nada tivesse acontecido.


O homem mesmo com o braço quebrado consegue escapar de Carlos e das outras pessoas que o estavam segurando e agarra uma senhora a mordendo no pescoço. Carlos com um vaso cheio de areia joga na cabeça do homem quebrando o seu pescoço com o impacto, ele ficou apavorado, pois o homem se levantou novamente, a cena era bizarra, a cabeça caída no ombro com o pescoço quebrado que não segurava mais, o sangue e baba escorria pelo canto da sua boca. Definitivamente aquele homem era um morto-vivo.


Todos estavam apavorados com aquela monstruosidade, Danielle ainda estava no altar com o padre sem saber direito o que estava acontecendo, o padre também estava ficando nervoso. Um dos convidados chega por trás do homem-zumbi e o acerta com uma cadeira de ferro esmagando parte de sua cabeça e tirando um pedaço do cérebro. O zumbi cai finalmente morto no chão. A senhora que foi mordida no pescoço pelo zumbi começa a ter as mesmas reações dele, babando e rosnando atrás das pessoas. Eles tentam ligar pra ambulância, mas todos os celulares estavam mudos, alguns tios, primos e outros homens, discutem o que devem fazer e resolvem sair pra pedir ajuda. Nisso, Carlos caí no chão passando mal, Danielle grita por ele e desce do altar correndo ao seu encontro, ele começa a se contorcer e a babar.


Mais batidas são escutadas na porta, mas dessa vez pareciam que eram dezenas de pessoas batendo e gemendo no outro lado num corro agonizante. Danielle tenta acudir Carlos, mas ele se contorcia e babava demais até que subitamente ele para. Danielle se afasta, Carlos levanta. Sua expressão havia mudado, escorria sangue pelos seus olhos, uma espuma branca saia pela sua boca, ele parecia um cão brabo prestes a atacar. Ao mesmo tempo em que todos se afastavam, as pessoas que estavam batendo na porta tentando entrar aos poucos conseguem abrir a porta e entrar. Carlos ataca o que estava mais perto dele, Danielle foge desesperada, a porta da igreja é aberta por completo e dezenas de zumbis entram. Raivosos e com fome de carne humana eles atacam todos, é um verdadeiro banquete, velhos e crianças foram os primeiros a serem devorados sem nenhuma piedade, seus corpos eram rasgados como pedaços de papel, braços, pernas, cabeças rolavam pelo salão, a quantidade de sangue derramado mudou a cor da igreja.


Danielle sobe as escadas até a sala do padre, olhou pra traz e teve vontade de voltar, seus amigos e parentes sendo devorados como animais, mas ela não podia fazer nada. O padre aparece e a empurra pra dentro da sala, antes que ele pudesse entrar também um zumbi o agarra pelas costas e o puxa para o chão. O morto-vivo morde o seu rosto enquanto outros corriam babando em direção de mais uma refeição. Danielle tentou puxar o padre para dentro, mas quando viu a aproximação dos outros zumbis desistiu e se trancou na sala.


Zumbis batiam na porta freneticamente, mesmo trancada a porta começa a ceder. Ela puxa cadeira, entre outras coisas que encontra pela frente, para escorar na porta e se afasta sentado no chão com os joelhos no peito no fundo da sala vazia. Ela reza enquanto as investidas contra a porta continuam, a gritaria de desespero no salão era insuportável. Danielle tampa os ouvidos tentando abafar os sons, seu vestido de noiva estava manchado de sangue, ela sente nojo e rasga um pedaço.


Danielle já não segurava mais o choro, mas quando o desespero estava tomando conta dela os barulhos e gritarias param. Tudo tinha ficado num silêncio absoluto do nada, ela coloca os ouvidos na porta, mas o silêncio reinava, tira as coisas de frente da porta e a abre bem devagar, ainda temerosa. Espia do lado de fora, o corredor estava vazio, havia sangue no chão e nas paredes, ela avança olhando atentamente pra qualquer movimento. Danielle tem a primeira olhada no salão, havia um rio vermelho de sangue onde boiava diversos membros, pedaços de braços, crânios, olhos, intestinos, era impossível distinguir qualquer pessoa ali. Ela não viu nenhum zumbi, passa com cuidado até chegar a grande porta que dava pra rua, ela esperava encontrar um caos na cidade, mas não foi o que viu, as ruas estavam normais, pessoas caminhando, carros passando, crianças brincando e nada de zumbis ou menção de um ataque. Danielle fica confusa se vira novamente pra dentro da igreja, o rio de sangue juntamente com os corpos em pedaços continuava no mesmo lugar, mas ela não estava numa igreja, mas sim num prédio abandonado caindo aos pedaços. Ela não entende o que estava acontecendo, olha pra si mesma e o vestido de noiva não mais existia, ela vestia uma roupa hospitalar branca e na sua mão havia um facão e na outra uma arma, ela escuta sirenes vindo em sua direção, larga o facão e a arma e vai embora caminhando sem direção.




--Roberta H.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Tortura

Do lado de fora da velha casa podia-se ouvir gritos estridentes de pura dor, os quais ecoavam solitários pela escuridão da noite, se confundindo apenas com os outros ruídos noturnos característicos da floresta. Era uma casa em ruínas, completamente afastada da civilização e escondida no meio de uma mata selvagem e de difícil acesso. E dentro dela, o desespero, agonia e sofrimento materializavam-se em forma de horror em seu estado mais absoluto e real.

Um homem jovem, alto e forte, escondendo sua identidade sob uma máscara, torturava uma também jovem mulher, amarrada impiedosamente e pendurada pelos braços ao frágil teto da cabana. Seu corpo estava coberto por sangue e grandes hematomas e feridas eram facilmente visíveis. Diversos instrumentos eram utilizados para machucar o corpo da infeliz mulher, desde chicotes a armas cortantes, transformando aquela cena de ultra violência em um macabro e gratuito espetáculo de pura insanidade.


Passados alguns minutos de extrema selvageria, digno do instinto maléfico do ser humano, e um pouco antes da torturada mulher perder os sentidos ou mesmo sua vida se esvair completamente, um vulto de grande estatura repentinamente apareceu atrás do agressor e, munido de um machado afiadíssimo, arrancou-lhe a cabeça em um só golpe, arremessando-a longe e jorrando sangue para todos os lados. O corpo sem cabeça do agressor estremeceu por breves instantes e desabou violentamente no chão. A mulher, ainda levemente consciente, conseguiu abrir os olhos com dificuldade e visualizou seu agressor morto ao chão e antes mesmo de esboçar alguma pequena reação de alívio, ela olhou para o outro homem que a salvou e este, com um semblante sarcástico no rosto, enfiou-lhe o machado no centro da cabeça de cima para baixo com tanta força que chegou até a atingir o tórax, espalhando mais sangue e pedaços de cérebro ao redor. Satisfeito, o novo assassino consumou sua vingança, eliminando dolorosamente sua esposa e amante ao mesmo tempo.




--Roberta H.

sábado, 12 de outubro de 2013

Conto - O Copo

Conto: O Copo.
Autor(a:): Desconhecido.
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O Copo

Sempre fui adepta a assistir filmes de terror e ler esses contos assustadores. Meus preferidos sempre foram aqueles que contêm espíritos e fantasmas. Poucos realmente me assustavam e eu os via por pura diversão, até porque sempre achei uma bobagem essas histórias de fantasmas. Mas um dia eu e uma amiga combinamos de jogar o famoso jogo do copo. Eu, certa de que nada aconteceria, esperei um dia em que ficaria sozinha em casa e chamei minha amiga Mary para jogarmos o tal jogo.

Quando ela chegou, arrumamos o tabuleiro e eu fui até a cozinha pegar um copo. Um arrepio percorreu o meu corpo. Olhei ao redor e percebi que todas as janelas estavam fechadas. Achei estranho, mas logo esqueci o ocorrido e fui em direção à sala, onde se encontravam Mary e o tabuleiro. 

Coloquei o copo perto do tabuleiro, que continha todas as letras do alfabeto, as palavras “sim” e "não" e números de 1 até o 10. Apagamos as luzes e acendemos algumas velas que minha mãe guardava por precaução. Mary me encarou.

- Pronta? – perguntei.


– Acho que sim… Bem, quer mesmo fazer isso, Lisa? - Ela me perguntou. Pude perceber que ela estava meio pálida.

– Ora, você está com medinho? – ri em voz alta, a fim de provocá-la. 

Ela balançou a cabeça negativamente e se sentou ao meu lado, no sofá. A sala e o resto da casa tinham uma aparência sinistra, já que a única luz era a das velas. Eu e Mary colocamos as mãos sobre o copo e eu fiz a primeira pergunta.


– Há alguém aqui com a gente? – Esperamos alguns segundos e nada ocorreu. – Vamos, espíritos, onde estão vocês? – Nada! Encarei Mary, que parecia aliviada. – Viu, Mary, eu te disse…

Antes que eu pudesse terminar a frase, o corpo começou a se mexer. Mary me cutucou e sussurrou:

-- Lisa, isso não tem graça!

-- Eu não fiz nada!

O copo voltou a se mexer e eu cutuquei Mary, para que ficasse quieta.


- Se há alguém aqui, diga seu nome. 


O copo se moveu para a letra “N”, e em seguida para o “E”, “R”, “O” e então parou.


- Nero. – falei para mim mesma. – Você é um fantasma?


Depois de alguns longos segundos, o copo se moveu para a palavra "não".


- Então, o que você é?

Quando percebi que não teria resposta, olhei para Mary. Ela parecia assustada. Até aquele momento, eu não estava, mas a série de acontecimentos que se iniciaram naquele instante, me fez ter realmente medo. Ouvi um barulho, vindo da cozinha. Eram barulhos metálicos e de copos e pratos se partindo. Encarei Mary, que estava com os olhos arregalados. Hesitei por um instante e me levantei. Fui à procura do interruptor, mas ao localizá-lo, percebi que estávamos sem energia elétrica. Olhei pela janela e percebi que a rua toda estava iluminada.

- Mas que droga é essa? – perguntei em voz baixa para mim mesma.

Fui em direção a cozinha, e o pouco que pude enxergar fez meu estômago se contorcer. Todas as panelas estavam no chão, o que explicava os barulhos metálicos. Os pratos e os copos estavam realmente todos quebrados, mas dentro dos armários. Voltei à sala, e percebi que Mary não estava mais ali.

- Mary? – a chamei em voz alta.


Peguei uma das velas e saí à procura da minha melhor amiga. Naquele instante, eu chegava a tremer de medo e não tinha noção do que fazer. Meus pais estavam viajando e voltariam apenas na manhã seguinte. Eu já não tinha a mínima noção das horas, mas como percebi que a maioria das luzes estavam apagadas, conclui que já era de madrugada. Não havia sinal da Mary em nenhum cômodo do andar de baixo, então decidi subir as escadas, sempre chamando por ela.

O andar de cima, onde ficavam os quartos, estava igualmente escuro como o outro andar da casa. Tudo estava silencioso, até que ouvi um barulho, que até hoje eu não sei descrever, vindo do meu quarto. Hesitei, mas fui em direção à porta que estava fechada. Eu estava suando frio, e ao tocar a maçaneta da porta, senti novamente um arrepio tomar conta do meu corpo. Fechei os olhos e abri a porta, empurrando-a devagar. Abri meus olhos e desejei não ter aberto. Dentro do quarto, estava Mary deitada na cama. 

- Mary? – a chamei. 



Ela não falava e não se movia. Mary estava morta. Fiquei em estado de choque. Não conseguia me mover nem falar. Só sai do estado de transe, quando ouvi a porta atrás de mim se bater. Virei-me, com meus batimentos cardíacos a mil e vi a pior coisa da minha vida. Não sei dizer se aquilo era uma pessoa, mas era realmente tenebroso. Tinha os olhos vermelhos e um sorriso horroroso que parecia me hipnotizar.

Após isso, desmaiei e só acordei horas depois, com barulhos de sirenes. Meus pais haviam chegado e tinham chamado a polícia, aparentemente. Depois disso, nunca mais entrei naquela casa, já que semanas depois, fui internada em um hospital psiquiátrico. A causa da morte de Mary é desconhecida até hoje e a casa que antes habitava com meus pais foi incendiada dias após o ocorrido. Hoje em dia, 10 anos após o ocorrido, ainda tento não me considerar a assassina de Mary e ainda tomo drogas pesadas para tentar ao menos dormir, o que é em vão, porque ao fechar os olhos, vejo os olhos e o sorriso dele… O sorriso de Nero.



--Roberta H.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Conto - O Demônio do Quarto

Conto: O Demônio do Quarto.
Autor(a:): Desconhecido.
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O Demônio do Quarto


Era uma pequena cidade que agora brilhava com suas luzes noturnas, na escura noite aveludada e negra. Na mais alta, nobre e bela arte da cidade, havia uma rua demasiado bonita, com suas grandes e elegantes casas. No fim da rua, erguia-se bonita e até imponente a maior das casas da rua, cercada por uma bela cerca preta de ferro.


Na frente do portão, estava um homem, admirando a casa. Por toda a sua infância, Charles admirara a casa, e prometera a si mesmo que um dia a compraria. E esse dia havia, finalmente, chegado! Charles havia adquirido a casa neste mesmo dia, durante a tarde.



Deslizou a chave para dentro da fechadura do portão e o abriu. Ele estalou e depois se abriu suavemente, sem ranger. Charles caminhou lentamente pelo caminho de pedras no jardim. Ele sentia frio, porém a beleza do jardim o prendia ali fora. Vislumbrou a lua através dos galhos secos de uma árvore, e isso o fez sentir-se feliz. Havia acabado de realizar seu sonho, ficaria feliz pelo menor arrulhar de um pombo.



Chegou à pesada porta de carvalho da casa e começou a apreciar a maçaneta redonda e detalhada. Era bonita. Havia entalhes nela que a faziam parecer o sol, e ela brilhava tanto num bonito tom de dourado que parecia ter sido recentemente polida. Charles abriu a porta e ela girou nas dobradiças sem o menor sinal de ruído. “Essa casa é perfeita”, pensou o homem, e adentrou a sala alegremente, tão feliz que parecia flutuar.



As paredes da sala eram rosadas, e faziam com que Charles se sentisse quente, aconchegado, e à vontade. A sala estava vazia, porém ele já imaginava a disposição dos sofás, mesas e prateleiras de livros, e a luz do sol entrando pela janela e iluminando tudo e criando uma faixa quente para seu talvez futuro gato. Um belo lustre de cristal pendia do teto, porém, como a casa há muito não fora habitada, ele estava vazio.



O homem olhou para a escada e dirigiu-se a ela, apreciando o belo carpete e o corrimão de ébano, assim como a porta. No início e no fim do corrimão, havia duas águias douradas. Charles subiu a escada e chegou ao andar de cima. Havia uma sala com várias portas para vários quartos e um corredor, e no fim do corredor havia… Outro quarto que, porém, estava com a porta escancarada e a luz acesa.



Charles adiantou-se até o quarto e chegando lá achou algo minimamente estranho. Havia uma luz acesa, e no canto do quarto havia várias velas apagadas e alguns fósforos. O chão de madeira estava sujo de algo vermelho, que parecia ser sangue, e no centro havia um caderno, também sujo daquela substância vermelha.



O homem pegou o caderno e começou a lê-lo. Falava algo sobre um demônio das profundezas do inferno, que conseguiu fugir por conta de sua força e de seu poder. Não havia uma forma segura de selá-lo normalmente. Charles achou estranho, porém continuou lendo. 



O demônio bebia todo o sangue da pessoa por um pequeno corte, ou um pequeno furo, qualquer ferimento que conseguisse inferir à pessoa na hora, e impossibilitava que ela morresse, até que por fim comesse sua alma, ao ficar entediado. Ou então devorava a alma da pessoa, que passava o resto da vida vazia, sem sua alma, sem pensamentos, sem sentimentos, apenas existindo. Mantê-lo selado, era, porém, muito simples. Bastava manter aquele quarto iluminado.



Charles lia isso, absorto, até que ouviu um zumbido fraco. Não prestou atenção. Estava aterrorizado pela história e também distraído. Ouviu o ruído novamente. Vinha da lâmpada. Ele olhou para cima ao ouvir o ruído uma terceira vez, e então a lâmpada queimou e a luz se extinguiu.



--Roberta H.